A mineradora responsável pelo rompimento de barragem que se transformou no maior desastre ambiental do Brasil tinha conhecimento, desde abril de 2009, de problemas de estrutura na barragem do Fundão, em Mariana, na região central de Minas.
Naquele ano, a Samarco chegou a interromper o lançamento de rejeitos e esvaziou o reservatório recém-construído ao diagnosticar uma infiltração de um metro de diâmetro. A construção de um aterro controlou a erosão, segundo documento obtido pelo jornal Folha de São Paulo.
Ainda em 2009, a Samarco precisou recuperar o dique ao constatar entupimento de drenos. No ano seguinte, um trecho do terreno afundou após o sistema de escoamento de água ser tomado por areia. Em 2011, a Samarco aplicou concreto no local, e em 2012 construiu novo sistema de escoamento.
Os problemas não pararam por aí: segundo relatório de inspeção elaborado a pedido da mineradora pelo escritório Vogbr, o descarte de rejeitos da mina vizinha de Alegria, da Vale, controladora da Samarco, provocava impactos na lateral esquerda de Fundão – a Vale não tinha autorização para o procedimento. Por isso, em 2012, a Samarco precisou drenar a pilha e reduzir o lançamento de rejeitos – segundo o presidente da companhia, Ricardo Vescovi, não há mais contato entre as duas estruturas.
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Em 2014, a Samarco aumentou a capacidade de produção em 37% – como a Record Minas revelou no dia seguinte ao rompimento, a mineradora fazia obras de ampliação na barragem de Fundão no momento do desastre.
Quatro meses antes do rompimento, os técnicos voltaram a relatar problemas de drenagem, mas atestaram a segurança da estrutura como um todo.
Consultado pela Folha, o geólogo Jehovah Nogueira Jr. informou que as medidas de reparo estavam dentro dos parâmetros normais, mas destacou que os problemas relatados mostravam problemas de infiltração.
Em resposta à reportagem, a Samarco afirmou que os luados emitidos pelo Vogbr sempre atestaram a estabilidade da barragem de Fundão. Sobre o contato com os rejeitos da Vale, a companhia apontou que obras entre 2013 e 2014 fizeram a drenagem adequada para que não houvesse mais contato entre as estruturas.